Virginia confessa uso de conta “montada” em vídeos de apostas e acende alerta sobre propaganda enganosa
- Redação Renalice Silva - Geral
- há 7 minutos
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“Não era minha conta, foi feita pela empresa”, diz influenciadora à CPI; especialistas alertam: não se iluda — dinheiro fácil não existe sem trabalho e dedicação

A influenciadora Virginia Fonseca, um dos nomes mais populares da internet brasileira, admitiu nesta terça-feira (13), durante depoimento à CPI das Apostas Esportivas, que usou uma conta “montada” por empresas do setor para divulgar jogos online. Segundo ela, os vídeos que mostravam ganhos altos com apostas foram gravados usando perfis preparados pelas próprias plataformas.
“Eu só recebi um login e gravei com aquilo ali. Não era minha conta, nem tinha aquele dinheiro todo”, afirmou a empresária, que tem mais de 45 milhões de seguidores somados nas redes sociais. A revelação causou reação imediata dos parlamentares, que classificaram a prática como uma forma de enganar o público e simular resultados irreais.
O caso reacende o debate sobre o papel de influenciadores digitais na promoção de plataformas de apostas e jogos online, especialmente entre jovens. “É um tipo de marketing que induz ao erro, ao mostrar uma realidade fabricada para parecer que qualquer pessoa pode ganhar fortunas com alguns cliques”, afirmou o relator da CPI, deputado Ricardo Ayres (Republicanos-TO).
Dinheiro fácil? Só na ilusão
Especialistas alertam que, por trás das promessas de ganhos rápidos e fáceis, estão empresas que lucram com a ilusão alheia. A maioria dos usuários dessas plataformas perde dinheiro — muitas vezes, em situações de vulnerabilidade financeira.
“Não se iluda: não existe dinheiro fácil sem trabalho, esforço e dedicação”, reforça o economista Rafael Vasconcelos. “O que se vende nesses vídeos é um sonho manipulado. Eles não mostram as perdas, só os ganhos simulados.”
A prática de usar contas previamente abastecidas ou com resultados manipulados é considerada uma forma de propaganda enganosa, e pode ser investigada por órgãos como o Ministério Público e o Procon.
Influência e responsabilidade
Virginia não é a única celebridade a ser convocada pela CPI das Apostas. Outros influenciadores com milhões de seguidores também serão ouvidos sobre campanhas publicitárias que podem estar induzindo o público a arriscar seu dinheiro em promessas vazias.
Para os parlamentares, é preciso estabelecer regras claras e responsabilizar os envolvidos. “Quem tem milhões de seguidores precisa entender o peso do que publica. Uma simples ‘publi’ pode levar milhares de pessoas a perderem dinheiro acreditando em um lucro que nunca existiu”, disse o presidente da comissão, senador Jorge Kajuru (PSB-GO).
A CPI segue com depoimentos nos próximos dias, e novas revelações devem vir à tona. Enquanto isso, fica o recado: desconfie de quem promete dinheiro fácil — especialmente quando isso vem embrulhado em vídeos bonitos e curtidas nas redes sociais.