Novo estudo revela aumento de doenças respiratórias causadas pelo tabagismo no Brasil
- Redação 24Hrs
- 17 de mai. de 2024
- 3 min de leitura
O tabagismo continua a ser um grave problema de saúde pública no Brasil, com um aumento preocupante nas doenças respiratórias associadas ao uso do cigarro. Segundo um estudo recente apresentado por pesquisadores da Fundação do Câncer no 48º encontro do Group for Cancer Epidemiology and Registration in Latin Language Countries Annual Meeting (GRELL 2024), realizado na Suíça, o uso do tabaco é um dos principais responsáveis pelo crescimento das doenças respiratórias crônicas no país.

Além dos cigarros convencionais, os especialistas destacaram o aumento do uso de cigarros eletrônicos, que têm contribuído significativamente para o surgimento de novas doenças pulmonares. Entre elas, a doença pulmonar aguda Evali, causada pelo uso de dispositivos eletrônicos para fumar, que pode ser fatal e apresenta riscos adicionais, como explosões de baterias que resultam em queimaduras graves.

O estudo também revelou que os custos relacionados ao tratamento de doenças respiratórias causadas pelo tabagismo são alarmantes. Anualmente, o Brasil gasta cerca de R$ 9 bilhões com tratamentos, perda de produtividade e cuidados aos pacientes. No entanto, a indústria do tabaco cobre apenas 10% dos custos totais relacionados ao tratamento dessas doenças, que somam R$ 125 bilhões anuais.
“O tabagismo não só causa câncer de pulmão, mas também contribui para uma série de outras doenças respiratórias e cardiovasculares, como enfisema, hipertensão arterial, infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral”, afirmou Alfredo Scaff, médico especialista presente no congresso na Suíça.
Para 2024, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) prevê o surgimento de 14 mil novos casos de doenças respiratórias graves em mulheres e 18 mil em homens no Brasil. Dados da International Agency for Research on Cancer (IARC), analisados pela Fundação do Câncer, indicam que, se o padrão de consumo de tabaco continuar, haverá um aumento de mais de 65% na incidência de doenças respiratórias e 74% na mortalidade associada até 2040.
O estudo também apontou que muitos pacientes procuram tratamento já em estágio avançado da doença, tanto homens (63,1%) quanto mulheres (63,9%), um padrão observado em todas as regiões brasileiras.
A Região Sul do Brasil apresenta a maior incidência de doenças respiratórias graves, com 24,14 novos casos a cada 100 mil homens e 15,54 novos casos a cada 100 mil mulheres, superando a média nacional. O Sul também registra os maiores índices de mortalidade por doenças respiratórias entre homens nas três faixas etárias observadas: até 39 anos (0,36 óbito a cada 100 mil habitantes), de 40 a 59 anos (16,03) e acima de 60 anos (132,26).
Entre as mulheres, a mortalidade é maior nas faixas de 40 a 59 anos (13,82 óbitos a cada 100 mil) e acima de 60 anos (81,98).
Em termos de escolaridade, a maioria dos pacientes com doenças respiratórias causadas pelo tabagismo tinha nível fundamental (77% para homens e 74% para mulheres). A faixa etária de 40 a 59 anos concentra a maior parte dos casos, com 74% dos homens e 65% das mulheres diagnosticados nessa idade.
Apesar de apresentarem taxas mais baixas de incidência e mortalidade do que os homens, a expectativa é que a mortalidade por doenças respiratórias entre mulheres com 55 anos ou menos comece a diminuir a partir de 2026. Já para aquelas com 75 anos ou mais, a mortalidade deve continuar aumentando até 2040.
O estudo reforça a necessidade de ações contínuas e efetivas no combate ao tabagismo, incluindo a conscientização sobre os riscos dos cigarros eletrônicos e a implementação de políticas de saúde pública mais rigorosas para reduzir o impacto dessas doenças na população brasileira.
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