Fraude bilionária no INSS: cidades do Nordeste tinham mais de 60% dos aposentados com descontos suspeitos
- Redação De Olho no Acre
- 28 de abr.
- 2 min de leitura
Documento da CGU revela que milhares de beneficiários foram afetados por entidades associativas; investigação apura desvio de até R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024

A Controladoria-Geral da União (CGU) revelou que municípios do interior do Nordeste concentravam as maiores proporções de aposentados e pensionistas com descontos de mensalidades associativas em seus benefícios do INSS — muitos deles sem autorização. O levantamento, de junho de 2024, integra a investigação da Polícia Federal que resultou na Operação Sem Desconto.
Em 19 cidades, mais de 60% dos beneficiários do INSS sofreram descontos. Em alguns casos, como nos municípios de Ribeiro Gonçalves (PI), Altamira do Maranhão (MA) e Vertente do Lério (PE), os descontos favoreciam quase exclusivamente a Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag), que recebeu até 91% dos valores descontados.

As suspeitas são de que os prejuízos somem R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024 em todo o país. A CGU também apontou que muitas das entidades envolvidas sequer possuíam estrutura adequada para atender a quantidade de filiados que declaravam representar. Em alguns casos, entidades que afirmavam ter centenas de milhares de associados operavam com apenas dois funcionários.
A investigação ainda apura quantos aposentados foram, de fato, lesados. Entidades como a Contag e a Ambec estão entre as que negaram irregularidades e prometeram colaborar com a apuração.
Outro dado alarmante é que algumas associações tinham como presidentes pessoas idosas, com aposentadorias por incapacidade, sem experiência formal de gestão — levantando suspeitas de que seriam figuras usadas apenas para encobrir verdadeiros operadores do esquema.
A CGU e a Polícia Federal seguem apurando o caso, que já é considerado uma das maiores fraudes envolvendo aposentadorias no país.
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